continuação
AUGE
Atraente maçã proibida
Ou varão destruidor da vida.
Suave como a brisa
Ele, a pura maldade visa.
Uns, maus como Caim
Que matou seu irmão Abel:
No início dão o puro mel,
Porém, do meio para o fim,
Tudo se transforma em fel.
Ela, com um simples “sim”
Leva alguém para o céu.
Também com alguns “nãos”
Faz tantos, tantos réus.
Cupido – símbolo da sedução
Ou Vênus que figura o amor,
Auges das atenções
Que hipnotizam os corações,
Desde que desabrochou
Do broto de uma flor.
Amantes de tantas marias
Alguns, assassinos
Também, muitos joões
Dizimados pelas paixões.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 5.
BICHO OU GENTE
Não sei entender
estas pessoas inteligentes,
Que, quase tudo
estão modificando.
Conquistaram o espaço,
estão povoando
Também daqui, outros
planetas, observando
Estão usando olhos
e mentes diferentes.
Cientistas,
grandes artistas,
Que heróis!
Conquistas,
quando otimista,
Sempre constrói.
A viagem à lua
não é mais novidade
Também já se fala
novôo dois mil
Rumo a Marte
com escala na Lua,
quem já viu?
Desde que a liberdade
de um pássaro sentiu,
Pensam em conhecer
o infinito de verdade.
Tecnologia,
se você não existisse
Como nosso planeta
Hoje estaria?
Tudo do jeito
que era antes,
Maravilhoso,
tudo bastava.
Médicos dedicados,
com mentes brilhantes
Grupados na medicina,
não largam esta menina
Em seu trabalho curam,
também ensinam.
Na saúde as plantas,
sem duvida, são divinas,
Mas com os laboratórios
têm mais facilidades.
Antes, não existia
tanto desamor,
Aqui na terra
Tudo era lindo
como uma flor
E não havia terror
Está esquecida a ecologia
e a cadeia alimentar
Este desequilíbrio,
todos seres vivos sentem.
Com a poluição
a natureza está doente
será que o ser humano
é bicho ou gente?
Neste planeta ninguém
quer mais plantar.
Entre as matas,
como os elefantes
Bichos homens
Da natureza,
eram tão amantes
E viviam em paz.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 8.
DESAMORES DO AMOR
Recente, bela fêmea
Sem ter alma-gêmea.
Competidora da fama,
Porém, longe de que ama.
Por dentro aquela chama,
Pra ser mais bacana,
Mas no colorido se engana
Vivendo a vida de fulana.
Uma imensidão de fantasias
Enche os corações, todavia
Os desencontros de amores,
Conseqüências dos desamores,
Colorem com outras cores.
Fecundadas,
as jovens flores,
Com maldade
e infelicidade,
Escandalizam
os reais amores –
Com a intuição
da perversidade.
Amor e ódio
vivem abraçados:
Um, transfigurado;
outro, mascarado,
Quando se portam
Malditas seduções,
Provocando-os
com sensualidades –
Sedutoras fêmeas ...
Cada vez mais e mais.
Comportamentos
da atualidade,
Às vezes,
como irracionais,
Mas, para o amor,
São essenciais.
Fêmeas humanas
Que aos corações
Enganam com prazer.
Machos humanos
Que às exibições
Correspondem ao viver.
Rosas insensíveis
Ao verdadeiro amor,
Quase todas em crise.
Umas, bem disponíveis;
Outras, num mar de dor,
Mas sensualidades visíveis.
Em cada bela flor.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 13.
DA AURORA AO ENTARDECER
Vida, bela estrela-nascente,
Em formação, é mesmo recente.
Fantástica, que doces ilusões,
Mergulhadas nas emoções.
Vida, arco-íris – belo colorido.
Que coração, bobo indivíduo!
Que ama e também magoa,
Quer bem; odeia – oh, coisa boa!
Marias amantes, indiscretas –
São atrizes: é moda, é festa.
Expõem suas imbecis seduções
E acorrentam os pobres corações.
Varões aliciantes, tão cruéis;
Zangões consumidores dos méis.
Quem no amor permanece fiel,
Quando prova o amargo do fel?!
Cansados, desiludidos na vida,
Rivais das auroras envelhecidas;
Fim duma estrada mal cavalgada:
Cenas do passado; alma entristecida.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 15.
DESILUSÃO
Sem nada, nem mala pra sobraçar
Com a alma malograda, malfadada;
Vai sair um pacóvio da modorra
Fareibem longe minha masmorra.
Sem escolher, trilharei qualquer senda;
Sinto-me senil e peguei a misantropia
De tanto escrever poesias passionadas
Pedindo remanso, mas vem melancolia.
Cantei lira pra você, ninfa melena
As palavras sapientes foram debaldes;
Fiquei silente, sequioso, estou insano,
Por você esquivar de mim o seu olhar.
Me larga, sem pra mim nada falar
Emmutismo, observo seu saracotear.
No tálamo, ante o espelho, vê sua estética
E minha alma fica: timorata, tétrica.
Sem você, pra mim nada mais presta
Pra você eu sou mesmo um..., um jeca
Me vejo em transe com o corpo dolente
Meus versos, pra você não são frementes.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 15.
ESCREVER SEM LER
As pessoas, muitas vezes,
Vendam da criança a felicidade
Alegando a fragilidade
E ela fica olhando de lado.
As descobertas são adiadas
E ela demora a crescer.
- O que devo fazer,
é só o que os outros ditam?
“Fique calada!”
“Aqui sentada!”
“Bem comportada!”
Coitada! E os porquês,
ficam sem ninguém explicar?
Criança tem que gritar,
correr, olhar com os seus olhos!
Do seu jeito de ver –
Pintar com as cores do arco-íris.
Assim ela vive a sua idade
de curiosidade, onde tudo é verdade.
Mas têm coisas que a gente
não deve deixar menino ver:
O que pode lhe entristecer,
o que lhe transmite medo,
Algumas cenas chocantes
que só gente grande pode fazer.
E algumas personagens,
ou as más mensagens
Distante do seu mundo,
do seu jeito de viver.
E para o menino assimilar...
Tem que ser pequenino,
Mas ter um domínio
e muito, muito raciocínio.
Se for preso numa sala,
desgarrado de brinquedo
Suprimindo sua fala
e sem os enredos,
Ela sente medo
e quer ir embora cedo.
Não é fácil, não
Falar uma língua
Que se chama português
Que, quanto mais se ensina,
Mais surgem o porquês.
Pra escrever sem ler,
Ler sem escrever;
Pra desenhar nosso mundo,
Adivinhar nossa mente,
lá no fundo.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 18.
É A VIDA
É, sei que no almejo
se espera o ensejo
E logo vem o beijo.
É significante,
e os iniciantes,
Mais marcantes.
Vai-se o cravo,
vai-se também a rosa
E na verdade
somos covardes,
Quando fingimos
aquela felicidade,
Amando de mentira,
e não de verdade.
Só existe um amor,
o mais é maldade!
E o amor é vida,
vida em abundância
Pra que macular
sua essência
Com mentira
e extravagância?
E minhas rosas
eram formosas,
Mas tinham
garras misteriosas!
Um dia em Maria,
eu já existia,
Até que se inicia
a doce primícia:
Amar; odiar – olhar
só o presente.
Mas a roseira
de tanto florir
se cansou:
Dormiu, secou
e, em cada
espinho ficou
As marcas
daquela ruína
Que chamaram
tanto de amor.
É a vida exibida,
não decidida,
Ainda admoestada,
é rejeitada, esmagada.
Em cada alvorecer,
o mesmo aquiescer
Mergulhados nas ilusões,
no mesmo soer.
Sediação à paixão;
retaliação
E, conseqüentemente,
vem a consternação,
Porque depois dos
ingênuos sorrisos
Vêm os gemidos
e, aquele atrevido...
Assim é decidido
o fim da corrida
E a vida é machucada
no leito cruel,
Depois de tantas,
cada ilusão...
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 20.
FIM
Cravo envelhecido
Roseira que não mais atrai;
Videira entristecida
Que vinho não produz mais.
Rosa assim murcha
Para aonde vai?!
As pétalas, o vento levou
O cravo, já se estragou
As marias naufragaram
Num mar de ilusões.
Também foram dizimados
Aqueles que galantearam
Hoje são pobres joões.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 20.
INDISCRETICE
Modernas, displicentes – atualmente,
Mas, infelizmente, mais carentes.
O amor com tanta negligência
Está acabando a sua essência.
Com a escravidão da cobiçada estética,
Às vezes, esquecem a pobre ética.
Sabe-se que se exporam, antigamente,
Porém, jamais estavam presentes;
No entanto, nunca foram carentes
E, dificilmente eram concorrentes.
Competições do físico em forma,
Porém, a física também deforma.
A massa culta – aquelas formais...
Impõem modas – às demais.
Ele quer por a roupa.
Diz baixinho no ouvido dela,
Convence-a fazendo graça:
“Agasalhe minha parte de amor,
Quero conhecer sua colméia,
Colher mel da sua flor”.
Tá na esquina, aquela ninfa;
Tá na praça, ta na cama.
Tá no carro, estacionado:
Gerando amor, o doce pecado.
Tá no banco da praça sob a luz
Dominada por alguém que seduz.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
INÍCIO
Amável, saudável
Alvorecer, bem-querer.
Frágil, em seu estágio
Inocente, carente
Início dum viver.
Cobiçada como uma flor
Símbolo do puro amor
Dos beijos que recebeste
De nenhum, jamais provou.
Dum profundo amor,
Uma semente;
Amor real ou fingido,
Duma serpente.
Enquanto é lactente,
Simples broto de gente,
Quase a comem de dentes.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
LIVRO ABERTO
Universo amplo, meu professor:
Um livro aberto, sábio doutor.
Cada ponto luminoso, no infinito,
Compõe este teto tão bonito.
Lua, moça, meiga tão formosa
Namorada do poeta tão fogosa.
Relâmpago, navalha sem pudor,
Corta o espaço deixando terror;
A nuvem chora lágrimas frias;
O arco-íris consola, se é de dia,
Um lindo diadema animador,
Anuncia que a bonança chegou.
Brisa que enche de paixão,
Anoite, quando é solidão.
Se o dia nasce sorrindo, é menino;
O entardecer é final dum destino.
E o autor deste livro aberto
É o lente que leciona tudo certo.
No paraíso o ódio se gerou
E a beleza, virou vergonha, se velou.
Agora, há falsidade mascarada
Fingindo a felicidade cobiçada.
Ficaram as flores despidas, na verdade,
E às abelhas se entregam sem maldade.
Na verdade, só é bom discente
Quem colhe e guarda na mente.
Mas, o que era mistério – desconhecido –
Desvendado não é muito mais bonito.
Neste universo tem professor:
Estrelas, Lua, Terra, mar; dor e flor.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
VIDA CRONOMETRADA
É dia,
É compromisso
E todos,
Daquilo, ou disso,
Vive cada um
Submisso
À alguém
Na vida.
Tanta pressa!
Agora reclama;
Mais tarde,
Se presa.
Pra tudo
Tem hora.
Vai embora
Cansada da lida,
Da vida dividida.
Tá na hora:
Dá corda,
Se acalma,
Se cala.
Desperta
E acorda,
O sol tá fora.
É dia,
É luta,
Pra vida.
É compromisso
E todos,
Disso vivem.
É dar vida pra nela
Viver contida.
É dia,
É vida.
Se não acorda,
Não faz mais nada,
Nem dá mais...
Mais partida.
Não dá mais corda,
Não desperta,
Não tem hora,
Não acorda,
Não tem mais vida.
Mas, se desperta,
Acorda pra vida.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
VIDA EM AGONIA
Oh, dona que sofre
querendo mais vida!
Lida em agonia,
desta mãe entristecida.
Que se valham
dos extraterrestres!
Ou tenham
a pena merecida.
Despida, quase
completamente sem penas
E pena tem quem
lhe deseja ver alegre.
E os pobres:
frágeis indefesos –
recentes e senis
Ante àquele cara
com a cara mais indiscreta
Que diz àquela criatura
incompleta : “Cara,
Puxe aqui este baseado,
você é porreta!”
Já não basta a vida
difícil, tão cara?!
E morrendo de sede,
nada aquele peixinho –
Para viver.
O rio vazio, mas cheinho.
Se afunda, sente-se mal,
tão sufocado.
E, na sua irracionalidade –
tanta inocência,
resistência, tenta boiando.
Pára... Gosto amargo!
Sede a favor da existência,
do colorido vivo!
Ou cedeis à um grande vale
de sofrimento.
O que mais vale,
se em cada vale
Não fica mais nada intocável?
Tudo num só gemido:
Selva desfolhada;
sede destelhada;
mãe depenada
Como pode?
Hoje, a vida tão...,
tão bem lida
E todos sabem que
só existe uma saída:
Remendar a roupa,
este cobertor,
para reconstruir
O arco-íres.
Ao contrário,
ninguém ficará aqui.
E tudo será:
sufocado, dizimado,
obliterado, exterminado.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
NOSSO ENTARDECER
Adormeci nas madrugadas
Sonhando ter você
A mulher mais desejada
Foi impossível te perder,
Nunca foi minha namorada,
Hoje lamento o entardecer.
Amiga, Como está você?
Cadê aquele seu meigo rosto
Com os lábios sempre a sorrir,
Quando reinava só o prazer?
Agora tem um coração morto
Sinto que não está feliz,
Porque não amou quem te quis.
Adormecendo também está
De tanto amanhecer
De tanto amar e ser amada
Viu o seu fruto nascer
Agora muito diferente se dar
E quero passado esquecer.
Flor que coloriu ao desabrochar
Que me fizeste sentir maldades,
Assim tive que ser forte, de aço
Curtindo sem ter te abraçado.
Já morei perto da felicidade,
Vivi as emoções anteseu abraço,
Mas agora percebo nosso cansaço.
Esqueci a minha vida
Só pensando em você
Querendo paixão dividida,
Que em nós nunca vi nascer
guardando esta vontade inibida,
Hoje cansei de te querer.
Brincou de ser feliz, era jovem
Fez conquistas, amou;magoou
Morreram momentos emocionantes
Ouvindo frases. Quantas bobagens!
Mas não do primeiro namorado
Que é como se tivesse presente
Porém, do seu olhar, fui ausente.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
RACIONAIS INCOMPETENTES
Natureza, cadê seu verde?
Por mais que sejamos evoluídos,
Sem dúvida, precisamos dele.
Estamos sofrendo um castigo
Como viveremos neste milênio
Sem plantas, sem oxigênio?
O reino animal está doente,
Mas é por causa dos racionais
Muitos sãoincompetentes
Destruindo, cada vez mais
Matando tantosanimais
Explorar os recursos naturais.
Precisamos preservar a vida,
Para que possa ser vivida
Com amor e menos sofrida.
Reflorestandonossa terra querida,
pois precisa ser reconhecida.
Nos rios, em busca dos minerais
Estão mudando a fórmula da água
Agindo diferente dos nossos ancestrais.
Não mais valorizamos a preciosa vida
É só riquezas sendo extinguidas.
Tantas espécies sendo destruída.
Como será o futuro das crianças
Vivendo num planeta carentes
No rosto delas ainda há esperança
De viveremainda, tais inocentes
Sem inspirarem esses poluentes.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 23.
MEU PRIMEIRO SONETO
Meu primeiro soneto,
Não tinha rima nem nada,
Mas mesmo assim recitei,
Cantei só para o vento.
Escrevi aquelas palavras
Que saíram da minha alma
E percebi que naquele dia
Nasceu em mim este talento.
Deivida ao inanimado,
Conversei até com as flores
E você que fala de verdade...
Você pensa, senteos amores;
Tem tantos dons que até
Se matiza se com as cores.
SILVA, Valdir de Deus. Páginas Comoventes. Heliópolis,
Distak, 2004. p. 35.
VIDA, EMOÇÕES E ...
Mas as recordações
Nos transmitem emoções:
Emoções que alimentam;
Emoções que atormentam.
Umas, fazem-nos reviver,
Outras, surram a gente.
Algumas; são sonhos dos desejos.
É cada momento bom,
Impossível de se repetir;
E aqueles tristes,
Não conseguimos esquecer.
E a vida, este lago azul,
Às vezes, se enche de pranto,
Depois de cada ilusão:
Aquelas que nutrem a vida de encanto
E, por último, sob um branco manto,
A escuridão nos cingirá sem compaixão.
SILVA, Valdir de Deus. Palavras de um Observador.
Heliópolis, Distak, 2007. p. 55.
DIFERENÇAS
Se em cada coração
Há uma diferente situação:
Um alimenta a sedução;
Outro cheio de paixão,
Tremendo de emoção;
Um que deseja e ama;
Outro ansioso, em chama;
Só resta mesmo é sofrer,
Já que é melhor não morrer.
Um, vive a sofrer;
Outro, finge não ver.
Há quem morra
De tanta atração,
De peito apertado
De dor e confusão,
Sem ser correspondido,
Sentindo a fria timidez.
Mas é assim mesmo,
Porque ninguém se fez.
Há o amor que dá vida;
E amor que mata a vida.
Há vida com tanto amor
E aqueleamor sem vida;
Há um amorque tem vida;
E sem ter amor existe vida.
SILVA, Valdir de Deus. Palavras de um Observador.
Heliópolis, Distak, 2007. p. 57.
SOMOS NÓS QUE CONSTRUIMOS
Penso que amoa tudo
E que ninguém me ama.
Luto, não sou vagabundo
Penso na paz, na calma,
Quero direito de viver
Tão livre como na flor,
A abelha busca ao amanhecer,
O mel que da terra brotou.
Por que morrer num minuto,
Antes de saciar a alma?
O sol nasce pra todos
É mesmo uma realidade!
Se põe, pouco a pouco,
Envergonhado da sociedade.
Embaixo deste firmamento,
Há tanta, tanta exclusão
Há vales de sofrimentos,
Mas todostêm coração.
O que faz a desigualdade
É a falta de sensibilidade.
Se sobrevivermos assim,
Lamentemos sem reclamar!
Pois somos vítimas dos “sins”,
Desta maneira de reinar.
Sofremos de tantos Cains,
Agressões, sem parar
Já que achamos ruim,
Aprendamos, então a amar?
Aprendamos um novo agir,
Antes da arma em punho
Será muito melhor prevenir,
A ser punido ou testemunho.
Ser otimista e construir
É ser realista sem fachada
Expor e nunca omitir,
Sem deixar a alma mascarada
Preservar não só pra mim
Pois é de todos a pátria amada.
Pra ser bom cidadão
E também querer democracia,
É ser patriota em ação
E buscar a liberdade todo dia.
Nunca devemos ser acomodados
Pensando não sermos capazes
Olhando os problemas de lado
Se nossa parte nunca faz.
Pra reconstruir esta nação,
Sair da dormência é preciso.
SILVA, Valdir de Deus. Palavras de um Observador
. Heliópolis, Distak, 2007. p. 47.
FRUTOS DA DESUNIÃO
Era uma criança simples,
Simples, pacata e humilde,
Como muitas – milhares,
Que a sociedade decide.
Um moço que não conheceu
Outrora, vida de bonança
Nem fadas, nem Papai-Noel.
Foi pequeno, não foi criança.
Não beijou, não foi beijado;
Não amou, não foi amado.
Mesmo sendo filho do amor,
Este nele nunca brotou.
Sem amor, sem saber amar,
Era um jovem, por aí a vagar.
Neste mundo de maldades
Era um pobre, na verdade.
Deixou de ser adolescente,
Ficou culto, mais inteligente;
Aprendendo com o mundo lidar,
A conviver e entender gente.
Era um homem de virtudes:
Moral, ética – boa conduta.
Sem preconceito nem racismo;
Era um homem de garra, luta.
Era apenas um lindo sonho,
Que se perdeu, aquele sonho.
Era um sonho bonito duma vida;
Era a vida dum lindo sonho.
Grande, dum enorme tamanho.
E era lindo, aquele cenário,
Onde seria vivido tal sonho.
Mas foi imaginário – um sonho!
Era um ambiente tão bonito!
Cercado por um horizonte
De diversas cores - matizado –
Um grande e belo arco-íris.
Era um casal juntos, desunidos,
De universos bem diferentes.
Um do outro eram queridos,
Mas ante os problemas sem juízo.
Era um pai, um “marido-pai”
De visão vasta no horizonte.
Era uma senhora, uma mãe,
Sem enxergar, alguns instantes.
Era um pai vítima do desamor
Querendo salvar-lhes da ignorância
Seus ascendentes, da sua flor,
Pra terem uma brilhante infância.
Pra todos seus filhos queria
Uma vida digna e humana,
De diferentes essências, uma vida,
Com cuidado e bem decidida.
E os deu carinho, muita atenção;
Bons exemplos, aproximação.
Queria livrá-los daquele trauma –
Que não sanava na sua alma.
Era um pai procurando soluções
Querendo pra todos o bem-comum.
Era uma pobre mulher generosa
Que se perdia diante as situações.
Era um casal sem caminhar juntos,
Pobres seres: homem e mulher;
E, vítimas também os vossos frutos
Você julgue-os lá como puder!
Era um homem amigo da natureza
Que nas flores conheceu a beleza;
Admirador dos infantis e dos senis,
Contra a estes maldades nunca quis.
É um senil e as consequências,
Mas pessoas decentes quis formar.
Uma vítima, ou também culpado!
Solitário, desiludido, cansado.
É,... foi apenas um lindo sonho:
Uma vontade, um querer perdido
De formar seres bem sucedidos
Mas seu sonho virou decepção.
Queria que vivesse cada momento
Com sabedoria no tempo propício,
Cuidando da estética e da ética.
Era possível, não seria tão difícil.
É, assim, foi apenas um sonho.
Hoje já se ouvem os gritos,
Por não terem lhe obedecido:
Lamentam – todos arrependidos
Do sonho colorido lhe restou:
Um fardo pesado, aquele horror,
Ante aqueles seres do coração
Que não cultivaram o amor.
É, assim foi um lindo sonho.
Foi a história dum sonho!
O desejo dum sonho pra vida:
E foi-se a vida num sonho!
SILVA, Valdir de Deus. Resgatando uma Literatura.
Heliópolis,Distak, 2007. p. 9.